Não adianta, enquanto os restaurantes de Curitiba não abrirem aos sábados e domingos depois das 15h, eu ainda vou reclamar da cidade. Mas como já até falei com a Ana Tereza, acho que posso continuar reclamando disso, porque muitos de vocês também não gostam desse costume.Mas vamos a alguns pontos que vocês precisam entender:
- quando eu digo "ruim, muito ruim" é uma forma de expressar que talvez só o povo das internas entende, né, Fernando?! Isso equivale a ficar mal, mal, muito mal, ou seja, de acordar no dia seguinte ainda ruim, muito ruim de tanto álcool ingerido. Isso não significa que eu não gostei da noitada, que, aliás, foi uma das melhores que tive em Curitiba, principalmente porque foi a primeira com a galera do trabalho.
- Ok, você querem ler isso e digo sem nenhum pingo de constrangimento ou vergonha e em caixa alta: EU GOSTO DE CURITIBA. Hellooooooo: tô pensando em comprar uma casa aqui, isso não seria possível se, efetivamente, eu pensasse em voltar a curto prazo pro Rio, né?! Ou se eu efetivamente não gostasse daqui, não é?! Mas também não vou ser hipócrita: eu sei que um dia, vou voltar para o Rio de Janeiro. Mas não agora.
- Au, Au é uma das melhores descobertas. Sinto falta do Cervantes, sim, com certeza, na mesma maneira que sinto falta do meu amigo jornaleiro, de andar na rua e mesmo não conhecendo a pessoa direito, cumprimentá-la porque já passei por ela mais de uma vez na rua, do cheiro de mar, de saber que a praia está logo ali, etc, etc. Mas isso é normal... Quando não estou na minha casa, sempre quero voltar pra minha casa, entendem!? A casa da gente, não importa onde seja, é sempre a casa da gente e quando passamos muito tempo das nossas vidas numa mesma casa, sentimos a mudança, a diferença.
- Acho que todos devem ter orgulho de sua cidade sim. Da mesma forma que eu tenho orgulho Rio de Janeiro. Orgulho e vergonha. Orgulho por ser uma cidade linda, e vergonha por ser uma cidade tão violenta. Mas assim mesmo, nunca vou deixar de ter orgulho, como acho que vocês nunca devem deixar de ter orgulho da sua cidade. Faz bem para o “ego” dela.
- Vocês tiram sarro da minha cara sempre por causa do meu sotaque, das minhas roupas, das minhas bolsas, até "produzem" fotos com o meu "estilo" e eu brinco com vocês, rio de mim mesma com vocês. Não é qualquer pessoa que teria bom humor pra rir disso.
- Aninha, antes de qualquer coisa, eu esperava que os nossos amigos viessem aqui nos visitar por nós mesmo e não apenas pela cidade. Desculpa, mas nesse caso, pouco importa o que eu estou escrevendo aqui, falando bem ou mal da cidade, etc, etc. O que me deixaria bem contente é que eles viessem porque eles querem nos ver. Me acho uma boa anfitriã, portanto, teria orgulho de mostrar os melhores lugares da cidade onde moro.
- quando um Curitibano pergunta pra gente se gostamos da cidade, imediatamente eles emendam a frase com a questão: “o povo daqui é bem fechado, né?!”, “e a praia, vocês reclamam muito por não ter praia”? Respostas: Sim, gostamos. Temos uma qualidade de vida que não tínhamos no Rio de Janeiro. Nenhum problema maior supera o conforto de estarmos a 15 minutos do trabalho. Vocês é que precisam parar de reclamar que tudo é longe. Sim, o povo é bem mais frio e fechado, mas entendo o porquê e com quem eu convivo, acho que consegui quebrar as barreiras. Eu “vejo” a praia da minha casa. Sei que é difícil entender, mas eu a vejo. Só sinto falta do cheiro e de saber que ela efetivamente está ali ao nosso alcance. Mas quando queremos muito, pegamos o carro e vamos até a praia. Simples e fácil. Melhor que ficar reclamando...
- Quando eu vim pra cá, passei um ano e meio sem trabalhar. Minhas plantas e paredes eram as minhas únicas companheiras. Não é fácil sobreviver em Curitiba desta forma e vocês sabem disso. O estranho foi começar a trabalhar... durante um tempo eu fiquei bem fechada, mas de repente, senti uma receptividade que não imaginei ou não estivesse preparada. Mas acredito também que conquistei isso com o meu jeito. E não pretende jogar isso fora agora...
- Semana passada, enquanto vocês ficavam chateados por causa do Blog, eu fiquei chateada também, porque alguém escreveu um recadinho e não se identificou. Ah! E não sou hipócrita ao dizer que gosto de Curitiba. Seria, se dizesse que não gosto. Sou uma pessoa feliz, aprendi a lidar com as diferenças, mas isso também não significa que aprendi a aceita-las. De qualquer maneira, pelo menos, estou dando a minha cara a tapa. Um pouco de coragem não faz mal a ninguém.
Fernanda: “flôoor”, nossos jeitos delicados de ser se combinam. Você é uma boa pessoa e eu aturo você me sacanear TODOS os dias (aliás, até que ultimamente você não tem falado das minhas roupas, né!?).
Patrícia Correia: já falei isso mais de uma vez e repito – quando crescer quero ser igual a você. E me deixou muito feliz quando você comentou que ia me “dar o seu salário” para montarmos juntas o seu guarda-roupa.
Aninha: cara, pequena, você é companheira de noitada, guria!!! E ainda vou te dar de presente uma sandália rasteira...
Rafa Tempo: menino, você lembra muuuuito os garotos cariocas. Tirando o sotaque, você é louco por futebol e praia. Pena que é Paranista (tá certo?), mas nem todo mundo é perfeito (e com todo respeito ao Rogerio, rapaz, falta pouco para a perfeição).
Dani Boy: eu me divirto demais com você. E afinal, você se acabou com o Monobloco, né?!!? E, além disso, foi você quem me mandou as fotos do carnaval de Curitiba. Impossível não “publicá-las”.
Maricotinha: você é doce demais e vai longe. E se você passasse uma temporada no Rio, ahhh, menina, coitadas das “garotas cariocas”.
Aceitando ou não, aqui estão minhas sinceras desculpas por ter, de alguma forma, ofendido/magoado alguém. Mas enfim, não vou agradar a todo mundo e sei muito bem que o meu jeito de ser, carioca ou não, também não agrada a todos. Paciência, têm certas coisas que não podemos e nem queremos mudar.
E como já falei pra Fernanda, se tudo correr como o imaginado, um dia ainda vou ter um filho falando “lEite quEnte”. Pensem na loucura que isso vai ser?!!?!!?
De uma baiana, com alma carioca, aprendendo a viver em Curitiba.
Renata
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5 comentários:
nossa mãe... q declaração...
nunca achei q vc se vestia de modo, digamos, diferente...
costumo responder para as pessoas q me perguntam se estou gostando de São Paulo: "me acostumei, mas ainda não posso dizer q gooooosto. eu goooooosto mesmo é do Rio e de Berkeley". Fora isso, acho q só em Paris...
bjs
lindinha... sei em que sentido é o seu desabafo, morei 5 anos fora desta "maravilhosa e linda" Curitiba e senti a mesma coisa!!!!
amei sua declaração e com certeza o proximo salário que sobrar vamos às compras juntas!!!OBS: podemos pular as lojas de sapatos????...brincadeirinha!!!!!
Te adoro muito viu
Bjo curitibano
Eeeeeeeeeeeeei!!!!
So pq não sou uma CURITIBANA AUTENTICA, não mereço uma declaração de amor com tamanha inspiração????
Pooooooooooxa, amiga!! Me senti absolutamente excluida da parada...
E... bem ao nosso melhor eXXXtilo carioca... NINGUEM MERECE!!!
Love you. Re.
Eu morei em Curitiba há muuuuitos anos atrás, mas só depois de voltar pro Rio, anos depois, vi que eu gostava daí...e olha que ctba não tinha nem um milhão de curitibanos!!! parabéns por ter visto isso antes de voltar.
Como diz meu marido carioca, "Restaurante em Curitiba fecha prô almoço"...rs...Sou uma Curitibana perdida em outra cidade...
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