sexta-feira, setembro 15, 2006

Mi Buenos Aires querido

OBS: leia se tiver tempo, é grande!!

Pra quem não sabe, tenho uma relação muito particular com Buenos Aires. Cheguei à Capital Portenha pela primeira vez em dezembro de 1988, no auge dos meus 15 anos, ou seja, da minha adolescência. Foi a primeira vez que me separei das minhas irmãs, que ficaram no Rio, porque, óbvio, já eram grandinhas o suficiente para se virarem sozinhas (demorou um pouco, mas no final elas aprenderam). Então sobrou, eu, meu pai e minha mãe vivendo ou sobrevivendo naquela cidade, às vezes hostil, às vezes simpática e agradável. Foi um período difícil ao mesmo tempo de muito aprendizado e hoje, olhando pra trás, vejo como adolescente é idiota... Se soubesse o que sei hoje, teria aproveitado muito, muito mais do que aproveitei (e olha que eu aproveitei) aqueles dois anos que vivemos em Buenos Aires.

Bom, tudo isso foi pra dizer, que depois de 15 anos, finalmente voltei a Buenos Aires!!!! Há uns três anos, Rogerio vai, quase que a cada bimestre, pra lá, mas eu nunca tive a oportunidade de acompanhá-lo. E dessa vez, juntando dois feriados (aqui, dia 08 de setembro é dia da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba), uma providencial viagem de negócios e meu aniversário, finalmente fomos juntos a terrinha de nuestros hermanos.

Na semana anterior à viagem tentei localizar pela internet alguns amigos do Colégio, mas só consegui falar com o Marcelo Diana (por MSN), argentino que andava com os filhos dos adidos naquela época. De qualquer maneira, peguei os telefones antigos que tinha e levei comigo. Como também tinha programado uma ida ao Colégio Lincoln Hall, para buscar a segunda metade da medalha que nos deram quando nos formamos, tinha a certeza que ai encontraria alguns telefones de amigos. Ainda procurei por outras pessoas no Páginas Doradas, na internet e voilá, no sábado liguei para todos para avisar da saída e da comemoração do meu aniversário.

Mas calma, antes de chegar no sábado, ainda teve toda a sexta-feira:

- Acordamos tarde, porque viajamos de madrugada. Taline (brasileira, que nos emprestou a casa por dois dias) já tinha saído pro trabalho e eu e o Ro fomos tomar café no Havana, com direito, é claro, a um Alfajor. Depois caminhamos pela Santa Fé, até a Calle Austria, rua em que morei (Austria entre Libertador y Lãs Heras). Fomos até a porta do meu antigo prédio, e conheci, finalmente, a Biblioteca Nacional, em frente ao nosso edifício e que ficou inacabada durante anos. Depois, pegamos o ônibus 59, assim como fazia antigamente, na Las Heras, para irmos até o meu colégio. Emoção!!!! Plaquetinha na entrada do Colégio com o nome todo da turma; Alejandra, a professora de Educação Física; Gastón, o professor de inglês e a carrasca, mas que foi incrivelmente simpática, professora de biologia, cujo nome não faço a menor idéia. Maria, a secretária do colégio, demorou, mas encontrou a outra metade da medalha!!! Quase chorei!!! E ainda me deu alguns telefones atualizados da galera da minha turma. Foi engraçado descobrir que Lúcio é psicólogo e que Martin é repórter policial!!!!

- Depois do colégio, saímos de Belgrano e fomos caminhando pela Libertador até os parques de Palermo, com suas árvores incríveis, ele me pareceu menor do que era. Depois ainda caminhamos até o Jardin Japonês, lindíssimo, com umas cores maravilhosas. Paramos num café para o almoço e voltamos pra casa com o objetivo de ir ao Freddo. Mas por uma falta de comunicação, saímos correndo, pois íamos pegar uma carona para irmos à casa do Juan Martin, que mora na Província, em outra cidadezinha, perto da capital. O Freddo ficou para o dia seguinte, infelizmente.

- Assado, chorizo e uma costelinha divina, e muito vinho Navarro Correa, na casa do Juan, com suas filhas lindas!!! Voltamos com um louco que chegou a 170km/h e que não tem nenhum amor à vida do próximo. Ou seria porque a maioria dos caronas era de brasileiros?? Enfim, a viagem que na ida levou 1h30, na voltou durou quase meia-hora!!!

- Sábado: consegui falar com María Néctar, Laura e Marcelo Diana. As duas confirmaram a saída à noite, mas o Marcelo não tinha como: duas crianças pequenas com conjuntivite, ficou complicado!!!

- De dia, passeamos pelo centro da cidade: Plaza de Mayo, Casa Rosada, Catedral, Cabildo, Café Tortoni (onde paramos para uma Quilmes), 9 de Julio, Teatro Colón (por fora), Plaza Lavalle, Embaixada do Brasil, Hotel Alvear, Recoleta e finalmente, graças à Deus, o tão sonhado Freddo!!! Chocolate con almendras y cerezas a la crema. Quase sentei no chão para comer!!! Delícia!!!! Pela Recoleta ainda passamos pelo cemitério e descobri que ainda existe o New Port, barzinho que íamos sempre e onde foi minha despedida. Paramos num café para um tostado e um vinho branco e depois voltamos pra casa. Ah! esse café fica na parte de fora de um mega complexo de cinema, em frente ao cemitério. Quando estávamos ai, chegou um ônibus com todos os jogadores do River, que vão ao cinema todos os sábados naquele mesmo horário. Quase sai correndo para tirar fotos, mas o "hincha" do Boca do meu lado não deixou...

- À noite, reservamos uma mesa no AcaBar, um bar que lembra muito o Casa di Bel aqui de Curitiba. Muitas flores, muitas coisas antigas, comida regional e um clima super agradável. O mais legal do bar é que tem um canto onde você pode pegar um jogo qualquer, de centenas de jogos que são oferecidos: Imagem & Ação, baralho, gamão, resta um, etc, etc. Além disso, o lugar é enorme!!!! E finalmente, os primeiros re-encontros: María Néctar e Laura Cuencio!!!! Que alegria!!!!!! Sem palavras!!! Federico, amigo do Ro, e Taline com Marcos também participaram. E claro, à meia-noite: "Que lo cumplas feliz, que lo cumplas feliz!!!!" E como disse no post de ontem, foi um dos melhores aniversários que tive. Não pela festa, que foi pequena, mas pelos re-encontros e acho que pelo resgate de algo que ficou muuuuito lá atrás.

- Domingo tradicional: Caminito e Feira de San Telmo. E aqui abro um parênteses: na época que morávamos aqui, íamos sempre a San Telmo. Mamãe comprava garrafas de cristal e eu adorava ver as coisas antigas que eles vendem, mas não era cheio como está hoje. Aliás, hoje está quase insuportável!!! Também, né, feriado prolongado no Brasil e o Peso favorecendo ao Real, a quantidade de brasileiros era imensa. E vamos combinar, brasileiro de férias é um saco... se acha o melhor do mundo, né, não!? Mas enfim, teve uma hora que nem eu agüentava ficar ali, imagina o Rogerio, que não gosta muito desses lugares?! Bom, pelo menos, consegui comprar um Sifon para a Soda, antigo e lindo. Diga-se de passagem, foi a única compra que fiz para mim nesta viagem... As coisas mudam!!!!

- Final de tarde, fomos encontrar com Jorge e Marina em Puerto Madero, e por incrível que pareça, Marcelo Diana, Eva e as crianças também apareceram. Tirando a barriguinha de cerveja do Jorge, eles continuam iguais. E divertidíssimos!!!! Acho que eu tinha esquecido como eles eram engraçados!!!

- Para terminar o dia do meu aniversário, um jantar especial no La Parolaccia.

- Segunda-feira, já no hotel, Rogerio foi trabalhar e eu fui às compras. E como já falei, não rolou!!! Mesmo com as coisas mais baratas, andar pela Florida me deixou meio tonta. Tantas ofertas e tanta gente e tudo com uma cara de “pega turista” que desisti. Fui caminhando até o Pátio Bulrrich, o Fashion Mall deles, e continuei caminhando até a Recoleta, onde parei para almoçar ao ar livre: tábua de frios e umas taças de vinho branco. Perfeito!!! Pena que o Ro não estava lá, ele iria adorar!!! Ah, depois adivinhe!?!?!? Freddo, é claro!!! E na segunda, ainda encontramos com o Bruno (argentino com jeito e cara de brasileiro) e fomos jantar no Cabaña Lãs Lilás, em Puerto Madero. Comemos bem, mas o Petit Gateau foi a maior enganação que já vi na minha vida. Nada mais era do que um muffin requentado no microondas. Escrevi reclamando naquele papelzinho que dão para você elogiar o restaurante, mas na verdade, acho que perdi uma boa oportunidade de arrumar barraco na Argentina!!!!

- Terça-feira fui caminhar por Puerto Madero e depois peguei o subte para conhecer o Abasto, shopping construído dentro do antigo mercado da cidade. Uma coisa gigantesca, tão grande que tem até uma roda gigante no último andar do shopping. Depois, andei um pouquinho pelo Once e fui almoçar nas Galerias Pacífico. À noite, os últimos encontros. Fomos a um bar, em Palermo, chamado Un Gallo para Esculápio, bem bacana, como parecem ser todos os bares de Palermo Soho e Palermo Hollywood (nomes dos "novos" bairros, incrivelmente ridículos!!!).


Tenho outras observações a fazer, mas por hoje chega. Só tenho que agradecer ao Ro, por ter me dado esse presente maravilhoso. E por incrível que pareça, o bom foi descobrir que viajar para a Argentina não é o fim do mundo, muito pelo contrário!!!! ;-)

2 comentários:

Ferno disse...

Cara, sério... vc conhece tudo de Buenos Aires. Bjs.

Anônimo disse...

Fico feliz pela alegria(nostálgica) que vc descreveu cada linha... imagino as alegrias e surpresas que vc teve em cada lugar.
Um grande abraço do seu amigo!!!