terça-feira, março 21, 2006

E o outono chegou

Aqui de casa, sentimos logo a mudança de estação. Não só pelo vento ou porque a temperatura cai bastante à noite, mas sim pela luz do sol. É incrível a rotação dela e de como nossa casa fica bonita no final da tarde. E sem contar, é claro, com o espetáculo do pôr-do-sol, que cria tons avermelhados no céu e eu, pelo menos, fico admirando quase todos os dias. (normalmente durante a semana, a essa hora, o Rogério tá trabalhando, né!?).

Mas vamos deixar esse papo um tanto quanto poético de lado e contar algumas coisinhas. Assim que voltamos do carnaval, recebi um e-mail da FGV falando sobre o evento da ONU que agita (??) a cidade durante esse mês de março. Fui na tal da reunião, que convidou os participantes a trabalharem como voluntários durante o evento. Pensei ser uma boa oportunidade para fazer alguma coisa e também para conhecer pessoas. Logo nessa reunião-convocação algumas coisas me deixaram bem irritadas, do tipo: “vamos fazer diferente da ECO 92, não vamos enfeitar a cidade e deixa-la bonita para turista ver”, dizia a organizadora dos voluntários. OBS: desde quando precisa enfeitar o Rio para deixa-lo bonito???? Outra: “não vamos fazer como na ECO 92 em que o governo do estado montou diversos outdoors para cobrir as favelas”. OBS: desde quando um outdoor consegue cobrir as favelas do Rio??? Mais uma: “vamos mostrar que os curitibanos são simpáticos e principalmente solidários, afinal nossa colonização é européia”. ???????????????????????????????? Juro que tive vontade de levantar e ir embora. Mas, exerci meu dever como cidadã brasileira e continuei ouvindo essas e outras baboseiras. Isso foi numa sexta-feira, e no sábado e domingo seguintes teria um curso de capacitação para os voluntários.

E lá fui eu pro tal do curso de capacitação, com os olhos inchados de tanto chorar, pois na manhã de sábado levei minha máquina para ver seu estado e o carinha foi taxativo: essa aí, já era. O curso era de uma inutilidade total, quer dizer, acho até que pra algumas pessoas pode ter servido de alguma coisa, mas ir pra lá pra ouvir a mesma coisa (incrível como a organizadora não mudou uma vírgula de suas frases imbecis) e pra saber que não se deve olhar para a mulher de um árabe...

Não contente com esse dia, ainda voltei no domingo. Tudo pelo social!!!

E de novo, coisas que a gente não consegue entender. Passo quatro horas de sábado sentada ao lado de algumas pessoas, elas são incapazes de trocar um “a” com você (mesmo você tentando puxar conversa), no dia seguinte, você encontra essas mesmas pessoas, que estão ali pelo mesmo motivo que você, elas se sentam ao seu lado e passam mais quatro horas ali e nos olham como se nunca tivessem nos visto!!!!! Juro que isso é demais para a minha cabeça tão tacanha!!!

No entanto, a gota d’água ficou por conta do tal “voluntário”, que veio de São Paulo só pra contar a sua história. O cara parecia um padre, vestido todo de preto com a camisa abotoada até em cima, magro feito um vara pau e com uma desenvoltura no palco que parecia que ele estava convocando a todos para vender produtos da Amyway. Enfim, acho que já esqueci parte do que ele falou (sim, de vez em quando é bom ter uma memória seletiva), mas o que mais me impressionou foi a seguinte frase: “ser voluntário dá dinheiro. Não me perguntem como, mas hoje, graças ao meu papel de voluntário tenho um patrimônio de mais de 10 milhões de dólares”, seguido de um sonoro “ooooohhhh”, por parte da platéia.

Peraí: voluntário + U$ 10 milhões??? Alguma coisa está fora da ordem.


Já estamos no dia 21 de março, o outono já começou, eu tive que tomar vacina tríplice viral, tirar cartão de usuário de ônibus e até agora, ninguém me chamou...

2 comentários:

Anônimo disse...

Rê,
Acho que seu próximo passo deve ser participar de alguma associação de moradores ou coisa do gênero...né não?!!!

Anônimo disse...

MUITO medo dessa reunião de voluntariado. E manda essa curitibana à merda por mim, sim? :-)
Bjs